No pensamento da sociedade ocidental, o sexo é tabu faz séculos.
Vale lembrar que a scientia sexualis nos ensinou, em uma
pedagogia bastante eficaz, que falar de sexo era proibido, visando
assegurar um vigor físico e uma pureza moral, e isso para a mulher
se instaurou de maneira muito mais marcante ainda no século XIX. E
esse “tabu”, esse entrave em relação à livre falácia sobre os
prazeres sexuais foi construído culturalmente, bem como tudo que
envolve produção de sentido em um dado estrato social.
Sabe aquele dado de que "a história é contada pelos que venceram"? Pois é, poderíamos dizer que a "alta cultura" venceu, e junto com ela diversos preceitos morais advindos do projeto de modernidade, que ainda povoam, e muito, o juízo de valor feito pelo senso comum? A arte criou ares e lugares de distinção, discriminação.
Juntando a proibição de se falar de sexo (o que data do seculo XIX), à opressão que a mulher viveu durante muito tempo em relação ao seu corpo e sua própria sexualidade e a cultura da periferia, vemos um massacre “culturocêntrico” que parece não precisar de argumento algum para fazer sentido, simplesmente é feio falar de sexo explicitamente e que isso corromperá profundamente nossos filhos. Sexo? Corromper? Ah, claro, o grande problema é a promiscuidade.
Sabe aquele dado de que "a história é contada pelos que venceram"? Pois é, poderíamos dizer que a "alta cultura" venceu, e junto com ela diversos preceitos morais advindos do projeto de modernidade, que ainda povoam, e muito, o juízo de valor feito pelo senso comum? A arte criou ares e lugares de distinção, discriminação.
Juntando a proibição de se falar de sexo (o que data do seculo XIX), à opressão que a mulher viveu durante muito tempo em relação ao seu corpo e sua própria sexualidade e a cultura da periferia, vemos um massacre “culturocêntrico” que parece não precisar de argumento algum para fazer sentido, simplesmente é feio falar de sexo explicitamente e que isso corromperá profundamente nossos filhos. Sexo? Corromper? Ah, claro, o grande problema é a promiscuidade.
E aí, os pais se perguntam, que será dessa geração que tem tudo
tão explicito, tão solto, tão líquido e fugaz? Não seria um
correlato meio torto da geração que aprendeu que a masturbação
era doença e falar de sexo era proibido? A grande questão é que,
também foi essa construção histórica que nos ensinou que existia
o público e o privado, e alguns assuntos não deveriam ser tratados
assim, à vista de todos, para isso existiam os lugares adequados. No
entanto, hoje, as fronteiras estão borradas entre essas duas
instâncias, mas o julgamento continua o mesmo.
O sexo? Fazemos, falamos (com grande dificuldade), no entanto não
podemos ousar colocá-lo em um lugar de produção de sentido e
conformador da cultura, aí ele é categorizado como perversão. E a
liberdade de expressão esbarra no sexo, numa realidade onde ofender
e bradar aos quatro ventos o seu preconceito contra homossexuais e
negros é defendido por muitos como “direito de livre expressão”,
contraditoriamente falar de sexo explicitamente é motivo de “pouca
vergonha” e, claro, se for mulher, é puta e não se dá valor. No
entanto, todos esses lugares comuns que insistem em manter a mulher
como um ser inócuo e manter o assunto sexo entre quatro paredes (ou dentro de um consultório médico, assim como no século XIX), não se
renovam para compreender que o movimento de empoderamento do corpo (e
toda a problematização que esse conceito traz) é um dado muito
mais complexo que uma moral pré estabelecida possa explicar e
definir.
Grande texto..
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